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Anjinho da cara suja


[...] Dona Expedita chegou na casa do casal na hora combinada e estes já a aguardavam prontos para sair, ele de smoking e ela com um vestido pérola longo. Bruninho permanecia sentado quieto no sofá e aquele comportamento agradou muito dona Expedita que lhe apertou as bochechas dizendo encantada:

– Que anjinho lindo! Benza a Deus!

Depois de passar algumas recomendações de praxe à babá, Selma foi até o filho beijando-lhe o rosto. O menino, fazendo cara de choro, pediu à mãe para ir com eles e ela, toda paciente, explicou:

– Esse é um jantar só para gente grande, você vai se chatear lá. Tenho certeza que você se divertirá muito mais com a Dona Expedita.

– Mas ela é velha! – cochichou no ouvido da mãe. – Quem se diverte com velha é fabricante de dentadura.

– Tenha respeito com os mais velhos, menino!

– Foi o papai que disse isso quando a vovó veio aqui para convidá-los para uma partida de canastra ontem. – entregou apontando para o pai.

– Esse menino deu para inventar histórias agora. Vê se pode? – disse Otávio vendo a cara zangada da esposa. – É melhor nós irmos senão chegaremos atrasados ao jantar.

– Tudo bem, mas não pense que você se livrará de me dar uma boa explicação sobre isso.

Assim que os pais saíram de casa, dona Expedita foi até o sofá onde se sentou com uma bíblia nas mãos chamando o menino que sentou-se ao seu lado.

– Agora, a tia Expedita vai ler para você uma linda passagem da bíblia. – disse a beata abrindo o livro.

– Eu não quero ouvir nada. Eu quero brincar!

– Tudo bem, anjinho! Depois que a tia ler a bíblia ela brinca com você.

– Eu quero brincar agora! – berrou.

– Está certo! Vamos brincar primeiro e depois a tia lê. – disse a babá largando a bíblia sobre a mesinha de centro. – De que você quer brincar?

– Vamos brincar de polícia e ladrão. – sugeriu. – Vou lá buscar as minhas armas!

– Espere um pouco, anjinho! Nada de brincadeiras com armas. Isso estimula a violência.

– Então vamos brincar de índio?

– Esse parece bom. – concordou a velha. – Então vá lá buscar seus bonequinhos.

Bruninho correu até o quarto para buscar os seus brinquedos, mas ao contrário do que a beata esperava, o menino não foi buscar os seus indiozinhos de brinquedo e sim uma fantasia que vestiu, além do arco e das flechas.

Quando viu o menino chegar daquele jeito, imitando o som dos índios batendo com a mão na boca, a velha beata assustou-se e antes que ela pudesse abrir a boca para repreendê-lo, foi atingida na testa por uma flecha dispara pelo menino que não a feriu, mas deixou-a irritada.

– Eu já disse que não quero brincadeiras violentas. É melhor você tirar essa roupa e vamos brincar de outra coisa. – ordenou a senhora.

– Eu quero brincar de índio! – berrou o menino começando a chorar.

Com pena do menino, a beata aceitou então brincar de índio, para a alegria da criança que agarrou-a pelo braço, levando-a para o quintal. [...]


Esse é só um gostinho do que aguarda você no terceiro volume da coleção Trinca de Contos, que apresenta, de forma cômica, as peraltices de Bruninho, um menino ingênuo que, mesmo sem intenção, acaba levando o caos a todos que cruzam o seu caminho. Mas será mesmo ingenuidade ou pura maldade? Descubra adquirindo o seu e-book clicando no link e as confusões desse “anjinho” e sua família.


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