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O Belo e o Feio


[...]

Os gritos de Fábio percorreram os corredores daquele casarão abandonado até chegarem abafados como um múrmuro no porão, onde uma criatura, oculta pela escuridão, ouviu o seu lamento.

Então, movido pela curiosidade, o estranho espectro decidiu averiguar quem estaria interrompendo o seu sossego, esgueirando-se silenciosamente pelas sombras.

Fábio percebeu que alguém se aproximava do quarto e lentamente caminhou em sua direção.

— Quem está aí? Por favor, apareça! Sou cego, e esse lugar cheio de entulho é uma armadilha para alguém em minha condição. Por favor, me tire daqui!

Ao ouvir que o rapaz não poderia vê-lo, a criatura encoberta por um manto esfarrapado, cujo capuz lhe encobria o rosto, encheu-se de coragem e decidiu entrar.

Fábio notou quando alguém abriu lentamente a porta e entrou no aposento. Então, sem esconder o nervosismo, perguntou:

— Quem é você? Porque vocês estão me mantendo preso aqui dentro?

— Eu não sou quem você está pensando. — respondeu o homem impressionando Fábio com sua voz suave e bonita.

— Quem é você? — perguntou novamente. Mas, agora em outro tom. Com a voz mais calma. — Você não é como os outros. Posso não enxergar, mas percebo na sua voz a bondade em seu coração. O que você faz na companhia desses bandidos?

— Vivo nessa casa há anos. — revelou o estranho que, pela voz, Fábio percebeu se tratar de alguém um pouco mais velho que ele. Provavelmente, na faixa dos 35 anos. — Essa gente invadiu meu lar.

— Então, se você não faz parte desse bando, me ajude a voltar para casa. — pediu o rapaz aproximando-se do estranho. — Por favor!

— Eu não posso. — disse o homem afastando-se de Fábio, que pôde sentir um certo temor em sua voz. — Eu não posso sair desse casarão. Estou condenado a viver entre essas ruínas pelo resto dos meus dias. — revelou com tristeza.

— O que lhe prende aqui? — quis saber o rapaz inconformado com a resposta. — Do que você tem medo?

— Por favor, não insista! — disse o estranho dirigindo-se para a saída.

— Não! Por favor! — Fábio gritou ao ver o estranho afastar-se e foi atrás. — Não me deixe aqui. — implorou segurando-o pelo braço. — Tenho medo de ficar aqui sozinho.

— Desculpe, garoto! — disse o homem libertando-se do aperto de Fábio. — Eu não estou acostumado com pessoas. Tenho vivido esses anos todos me escondendo dos seres humanos.

— Meu nome é Fábio! Qual é o seu?

— Arthur. — revelou o homem por trás do capuz. — Um dia, já fui Arthur Bernardi.

— Por que diz isso?

— Porque hoje não passo de um farrapo humano.

— É mentira! — disse o rapaz estendendo a mão em sua direção. — Posso perceber que você é um homem lindo.

— Você só diz isso porque não pode ver quem realmente eu sou. — disse afastando-se do toque do rapaz?

— E como você realmente é? — perguntou o rapaz intrigado com tanta esquiva.

— Um monstro.

— Não é o que vejo — disse o rapaz com ternura.

— Mas você não vê.

— Vejo com os olhos do coração. Vejo a beleza que há na sua alma.

— Entretanto, o mesmo não pode ser dito do meu corpo. Se você pudesse me ver agora, com certeza teria a mesma reação que todos: medo e repulsa.

— Então, deixe-me ver você. — disse aproximando-se. — Deixe-me tocá-lo e sentir como você realmente é?

— Isso nunca! — respondeu afastando-se do jovem cego.

— Por favor!

Diante do pedido do rapaz, Arthur encheu-se de coragem e retirou o capuz que cobria seu rosto. Então, mesmo temendo uma reação negativa, ele apanhou as mãos do jovem cego e conduziu-os até pousá-los delicadamente em sua face disforme.

[...]

Esse é só um gostinho do que lhe reserva nessa história cheia de emoção e aventura. Acompanhe a emocionante história de Arthur. Um homem misterioso que, após anos ocultando-se do mundo, vagando como um fantasma pelas ruínas de um velho sobrado, voltou a sentir-se vivo, ao toque dos dedos macios de Fábio. Um rapaz cego que, percorrendo delicadamente a sua face, percebeu a beleza oculta por trás de seu rosto disforme.

Gradualmente, uma forte atração começou a tomar conta da dupla que, antes de renderem-se ao desejo, precisariam salvar suas vidas ao serem caçados pelos criminosos.

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