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Permita-se Contagiar Com a Magia do Natal


LIZA (Com uma cachorrinha no colo e tampando o nariz.) – Que horror, paizinho! Esses meninos conseguiram pestear o ar com seu fedor. Eu chego estar zonza.

COMERCIANTE – Não se preocupe, florzinha! Eu já coloquei eles pra correr daqui.

LIZA – Ufa! Ainda bem! Ah, paizinho, não se esqueça de mandar a Neide desinfetar esse lugar que deve estar cheio de germes. Capaz de prejudicar a saúde frágil da Fifi. Né, Fifizinha linda? Meu amor! (Dirigindo-se à cadelinha.)

COMERCIANTE – Claro, chuchuzinho! Não queremos que isso aconteça à Fifi.

JOÃO – Essa frescura toda me dá náuseas.

COMERCIANTE – Liza, filhinha, vá para dentro. Não quero que meu tesourinho fique exposta à esse tipo de gente.

LIZA – Sim, papaizinho querido. (Caminha até próximo à porta.) AAAAIIIIII!! Que ódio, que ódio, que ódio. Acho que vou desmaiar...

COMERCIANTE – Que foi, filhinha? (Segurando a filha para não cair.) – Você se machucou, foi isso?

LIZA – Não! Foi pior!

COMERCIANTE – Mas, o que pode ser pior que se machucar, meu anjinho?

LIZA – Eu pisei num cocô. Que nojo!

COMERCIANTE – Cocô? Em frente à minha loja? Aposto que isso é coisa de um desses maltrapilhos.

JOÃO – Não seja ridículo! Não está vendo que isso é cocô de cachorro? Só pode ser dessa cadelinha esnobe.

LIZA – A Fifi jamais faria essa sujeira no chão! Ela é muito fina, só usa o banheirinho que meu pai mandou construir especialmente para ela.

JOÃO – Por mais fina que possa ser sua cadela, coisa que eu não duvido pois ela é só osso, coitada, uma hora a necessidade aperta e qualquer um perde a sua nobreza e se alivia onde pode.

LIZA – Papaizinho, esse homem está insultando a pobre Fifi. Veja como a pobrezinha está traumatizada?

COMERCIANTE – Meu senhor, retire imediatamente o que disse! Caso contrário eu lhe processo por calúnia e difamação.

JOÃO – Ah! Ah! Ah! Ah! Essa é boa! O senhor trata crianças como se fossem animais e sua cadela como se fosse uma princesa e quer que eu aceite tudo isso calado? E que ainda peça desculpas à cachorra? O senhor só pode ser louco.

LIZA – Vai deixar que ele fale assim com o senhor, paizinho!

COMERCIANTE – Claro que não, filhinha! Saiba, meu senhor, que acaba de comprar uma briga muito feia que não era sua. E vai se arrepender muito por isso.

JOÃO – E o senhor vai fazer o quê? Me bater?

COMERCIANTE – Bem... eu... é... é claro que não! Saiba o senhor que eu sou um homem pacífico. Não tolero brigas de forma alguma.

LIZA – Paizinho, o senhor ficou com medo?

COMERCIANTE – É claro que não, meu bombonzinho! Vê se eu posso ficar com medo de um anãozinho como esse? Papai não quer que seus olhinhos de contas testemunhem tal brutalidade.

LIZA. – Não seja por isso, paizinho! Se o problema sou eu, eu me viro. (Vira-se de costas.)

COMERCIANTE – Não seja precipitada, filhinha. (Desvira a filha.) – Papai sabe que você odiaria ver sangue esparramado no chão. Além do mais, esse baixinho não merece que eu perca o meu tempo com ele.

JOAO – Baixinho é a mãe. Porque não confessa à sua filha que você está com medo de me enfrentar.

COMERCIANTE – Pois agora o senhor me ofendeu. Prepare-se para levar a maior surra de sua vida. (Ambos se aproximam de punhos preparados.)



Essa é uma pequena amostra do que espera por você nessa comédia escrita no ano de 1999 e que nos apresenta o sensível João, um rapaz que, assim como muitas pessoas, desconhecia os sentimentos, desejos e sonhos das pessoas em situação de rua. Até conhecer Lu, uma menina de nove anos que vive abandonada nas ruas da cidade. Rejeitada por uma sociedade que insiste em ignorar a sua existência. Mas, no que depender de João, isso irá mudar. Comovido com o drama de Lu e seus amigos das ruas, ele luta contra todos para impor respeito e levar um pouco de dignidade e um natal mágico à essas crianças sofridas.

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